quarta-feira, 4 de abril de 2012

CANNABIS SATIVA


 A Cannabis sativa é um arbusto de origem asiática, que cresce cerca de dois metros de altura e é de onde deriva a droga que conhecemos como maconha. Dela também deriva o hashish e a marijuana. Ela cresce geralmente em lugares de climas tropicais e zonas temperadas, mas hoje já se sabe que a planta pode suportar e crescer também em lugares onde a temperatura é elevada. É especialmente da maconha que iremos falar um pouco nesse trabalho.
Hoje a maconha é considerada uma substância psicoativa e o seu comércio para fins entorpecentes é proibido na maior parte do globo, mas não foi sempre assim. Cerca de 2700 a.C. a maconha já era utilizada pela medicina chinesa como analgésico, anestésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. Além das suas fibras serem usadas para a fabricação de cordas, cabos, tecidos e fios. O principal elemento ativo da maconha é o tetrahidrocanabiol, que é encontrado em toda parte da folha, mas especialmente nas folhas e na resina das fêmeas.
A maconha chegou à África e à América levada pelos europeus. Na América do Sul as primeiras plantações foram feitas pelos europeus, no Chile. A droga chegou ao Brasil trazida pelos escravos africanos. No final do século XIX a maconha já era consumida como entorpecente pelos artistas e escritores, mas ainda era tida como um medicamento. No Brasil a maconha é considerada uma droga ilícita, ou seja, seu consumo é proibido pelas leis brasileiras desde a década de 1920.
Na sua Farmacocinética, os efeitos do THC no nosso cérebro dar-se principalmente por conta da sua ligação com receptores canabinóides, que são da classe dos receptores acoplados à proteína G. Quando é fumada, a substância atravessa o alvéolos pulmonares, entra na circulação sanguínea e atinge o cérebro em minutos. Atinge o chamado pico de concentração de 15 a 45 minutos depois de ser fumada. Os efeitos iniciais podem durar de uma a três horas e o declínio da concentração sanguínea varia de duas a seis horas. Se a substância for ingerida oralmente o tempo de absorção é mais elevado, podendo chegar a uma hora o início dos seus efeitos psicotrópicos, permanecendo por mais de cinco horas. 
A meia-vida do THC depende da experiência do usuário com a droga, sendo mais curta em usuários com um longo tempo de uso (19 a 27 horas) do que em usuários com um curto tempo de uso (50 a 57 horas) e isso é devido à rapidez com que a droga é metabolizada após liberação dos tecidos gordurosos.  A droga é eliminada pela urina, bile, leite materno e fezes.
Na farmacodinâmica, estudos da Cannabis sativa e de seus principais componentes (canabinóides), durante os anos 80 e 90, apresentou uma identificação e clonagem dos receptores canabinóides específicos (CBRs), localizados no sistema nervoso central (CB1) e no sistema periférico (CB2), sendo possível entender aspectos importantes relacionados ao mecanismo de ação dos canabinóides. O Delta-9-Tetra-hidro-canabinol - THC (principio ativo da maconha), inibia a enzima intracelular a qual, tal inibição só ocorria na presença de um complexo de proteínas-G, acredita-se que os dois receptores canabinóides, CB1 e CB2, são os responsáveis por muitos efeitos bioquímicos e farmacológicos produzidos pela maioria dos compostos canabinóides esses receptores são, abundantes em algumas áreas do cérebro. As células do organismo respondem de diversas formas quando um ligante interage com o receptor canabinóide, primeiro há, a ativação das proteínas-G, assim a abertura ou bloqueio dos canais de cálcio e potássio, o que ocasiona mudanças nas funções celulares. Os receptores canabinóides estão inseridos na membrana celular, onde estão acoplados às proteínas-G e à enzima adenilato ciclase (AC). Os receptores são ativados quando interagem com ligantes, a partir desta interação, uma séria de reações ocorre, incluindo inibição da AC, que por sua vez diminui a produção de atividades celulares. A abertura dos canais de potássio (K+), diminuindo a transmissão de sinais e fechamento dos canais de cálcio (Ca+2), levando a um decréscimo na liberação de neurotransmissores. Estes canais podem influenciar na comunicação celular o que causa varias alterações comportamentais no individuo sobre efeito da Cannabis Sativa.
Como toda substância psicoativa, a maconha também produz no indivíduo efeitos fisiológicos, muitos dos quais denotam a pessoa como usuário. Os efeitos fisiológicos mais comuns observados por quem usa maconha são: Hiperemia por vasodilatação conjuntival (olhos avermelhados), xerostomia (boca seca), tosse, redução das habilidades para execução de atividades motoras complexas, aumento da acuidade visual, broncodilatação, retardo psicomotor, taquipnéia, hipertensão, hipotermia, tontura, hipotensão ortostática, aumento no apetite, retardo psicomotor e taquicardia (140 a 160 batimentos/min).
Quando consumida a cannabis sativa, o intoxicado apresenta diversas alterações comportamentais, a mesma pode produzir um conjunto de sintomas psicóticos transitórios em uma consciência inalterada, no período inicial de euforia senti-se uma sensação de bem-estar e felicidade, seguido de relaxamento e sonolência, quando seu uso e em grupo pode ocorrer risos espontâneos, gritos imoderados como reação a um estímulo verbal qualquer, geralmente o indivíduo apresenta perda da definição de tempo e espaço, diminuição da coordenação motora perda do equilíbrio e estabilidade postular, alteração da memória recente, falha nas funções intelectuais e cognitivas, maior fluxo de idéias, (alguns usuários expressarem o conceito de que a maconha deixa-o inteligente), pensamento mais rápido que a capacidade de falar, dificultando a comunicação oral, a concentração, o aprendizado e o desenvolvimento intelectual, alucinações, ilusões, paranóias, angústia que podem levar ao pânico, medo da morte e incapacidade para o ato sexual até impotência com o uso prolongado.
O tratamento da maconha deve ser realizado, através de médicos psiquiatras, pois na maioria dos casos é importante e necessária a administração de fármacos, para controlar a abstinência da substancia no organismo de individuo, são indicadas também terapia comportamental. Estudos mostram que 70% a 90% dos dependentes químicos têm outra patologia psiquiátrica, entre as mais comuns estão depressão, transtorno de déficit de atenção e de personalidade, doenças que, se não diagnosticadas e tratadas, dificultam muito sua recuperação, com isso torna-se necessário não só a presença de profissionais especializados, mais uma vontade vinda do próprio usuário que terá que mudar pratica vivenciadas por ele no dia-a-dia.     

Postado por: Jeremias Oliveira / Ricardo Barbosa